Nada melhor que fazer aniversário, né? Abraços dos amigos e parentes, presentes, bolo... A gente se sente meio superior nesse dia, achando que todo mortal que passa por nós tem a obrigação de nos reverenciar. Mas aniversário também causa problemas. Quem nunca teve que aceitar o abraço daquela pessoa que você odeia? Quem nunca recebeu um presente horrível? Quem nunca pagou mico em sua própria festa de aniversário (alguém já levou banho de farinha e ovo?) Mas festa no ambiente de trabalho quase sempre é uma cilada, usando as palavras do Bruno Mazzeo. Eu vou bem contar:
Nesse dia era o aniversário de um professor. Meio triste porque ninguém havia lembrado de uma data tão importante, ele deixou a sala dos professores e foi se dirigindo à sala de aula. A cada funcionário ou aluno com quem cruzava nos corredores, ele olhava fixamente e dava um sorrisinho sem graça, talvez na tentativa de fazer o outro lembrar que era seu aniversário. Ora, como se fosse possível transmitir tal informação com aquela cara de cachorro sem dono. O fato é que todos passavam direto, nem olhavam para a sua cara.
Ocorre que, no mesmo dia, uma aluna da escola também fazia aniversário. Ela, ao contrário, estava toda feliz. Já tinha recebido abraços e beijinhos de colegas de turma, de outras turmas também, além de professores e até da diretora. Sentia-se a tal. Agora, voltando do recreio, precisava voltar à realidade: aula de Biologia. Ela até que gostava. Entrou na sala, sentou-se e, junto com os outros, ficaram esperando o professor.
Com aquela cara de derrotado, o pobre professor cruzou a porta, deu um bom-dia desanimado e colocou suas coisas sobre a mesa. Ainda esperou pra ver se algum aluno lembraria de seu aniversário. Nada. “Vamos continuar de onde paramos...”
No meio da aula um aluno alunos pediu para ir ao banheiro. Ser interrompido no meio de um raciocínio é uma bosta. Mas ele deixou, afinal, o que havia de importante naquela aula? E naquele dia? E naquela droga de vida?... Continuou a explicação. Num certo momento, ficou desconfiado com a demora do aluno. Teria ele se entalado no vaso sanitário? “Justo no momento mais importante aquele cidadão não está” – deve ter pensado.
Olhando para a turma, ouviu o ranger da porta. Olhou e viu que alguém a abria lentamente. De repente, o garoto do banheiro entrou com uma torta enorme nas mãos, com velhinhas acesas e tudo. E todos cantaram “Parabéns pra você, desta data querida...” O pobre mestre começou a chorar, de soluçar! Era muita emoção. Finalmente tinham lembrado. A partir daquele dia aquela turma seria a mais especial de todas. Percebendo a emoção do professor, imediatamente todos perceberam o que estava ocorrendo: o professor achava que a festa era para ele... mas a surpresa era para a colega de turma. Todos se entreolharam sem saber o que fazer. Um sentimento de pena deve ter se apoderado da turma, que aliás não fazia a menor idéia de quando era o aniversário do professor.
Depois do Parabéns, ele fez até discurso, agradecendo pelo “carinho”. O que fazer? A homenageada então tomou a iniciativa: “Parabéns, professor, você é mesmo especial pra nós!” E toma choro!!!
A aula acabou ali. Todos ficaram festejando o aniversário do professor. Parece que depois a galera foi pra lanchonete do posto de gasolina pra tomar um refrigerante e comemorar o aniversário da menina. Até hoje o segredo ainda não foi revelado ao pobre professor. A escola inteira sabe da história, mas há quem desconfie que foi armação dele. Fato é que agora ninguém mais esquece seu aniversário.