sexta-feira, 27 de março de 2009

A queda da Bela Adormecida.

Ao contrário do que muitos pensam, andar de ônibus pode ser relaxante. Pegar um coletivo lotado às 5 da tarde, em meio a um engarrafamento monstro e ouvindo no rádio uma música de qualidade bem questionável, isso sim é estressante. Mas quem já precisou pegar ônibus bem cedinho provavelmente já desfrutou de uma soneca. Quem nunca dormiu e bateu com a cabeça no vidro no meio de uma curva? Quem nunca acordou com a cabeça apoiada no ombro do passageiro ao lado? Quem nunca passou do ponto de descida porque dormiu demais? Dormir no ônibus é quase tão gostoso quanto continuar na cama. Mas sinceramente acho que, da mesma forma que há botes salva-vidas nos barcos, deveria haver joelheiras nos transportes públicos, como item obrigatório. Não entendeu nada? Pois eu vou bem contar uma história e você vai compreender:


Eram 5:30 da manhã e o sol começava a dar sinais no horizonte. O ônibus não estava lotado, mas todos os lugares estavam ocupados e havia umas cinco pessoas em pé. Era um festival de cabeças apoiadas nos vidros. Já os que estavam sentados no lado do corredor, curvavam a cabeça para trás e tiravam um ronco. E “tirar ronco” não é força de expressão: alguns roncavam mesmo! A começar pelo cobrador que, com a cabeça apoiada em seu bauzinho, tinha que ser acordado aos gritos cada vez que entrava um novo passageiro. A maior preocupação era com o motorista: vai que ele entrava naquele clima...


Nesse ambiente de “siesta espanhola”, o que impressionava era que as pessoas que estavam em pé... também dormiam. Parece que já tinham tudo esquematizando. Cada um se segurava naquela barra de ferro horizontal, com as mãos cruzadas umas sobre as outras, e meio que apoiavam o corpo na lateral dos bancos. Provavelmente era bom, já que a baba de muita gente molhava as golas das camisas. De vez em quando alguns dorminhocos sentados acordavam assustados porque as pernas dos que estavam de pé acabavam roçando em seus braços. Recuperados do susto, voltavam a dormir.


Naquele dia havia, no entanto, um baixinho de pé no meio do ônibus. O pobrezinho estava esticado, tentando se segurar na barra de ferro. Quando eu era criança eu vivia tentando me segurar lá encima, assim como meus colegas de classe. Ver aquele homenzinho se esticando todo me fez lembrar essa época. Quando ele conseguia alcançar a barra, o máximo que fazia era segurar-se com as pontas dos dedos, que escorregavam a cada curva.


Porém, num trecho do caminho que era mais reto, o carinha conseguiu se estabilizar e, em meio a esse ambiente relaxante, o pior ocorreu: ele dormiu de pé. Nesse momento, além do motorista, umas cinco pessoas ainda conseguiam ficar acordadas, lutando, porém, contra o sono. Uma senhora sentada num dos bancos do corredor dormia tão profundamente que nem se dava conta de que o baixinho que estava em pé já praticamente sentava em seu ombro enquanto dormia e tentava com a ponta dos dedos se manter de pé. Foi quando todo o ônibus foi surpreendido por um forte estrondo. TUUMMM!


Todos pularam assustados e, meio desnorteados, tentavam procurar a origem do barulho. Um pneu estourado? Um tiro? Um trovão? Um animal atropelado? A senhora que dormia profundamente resolveu olhar para baixo e viu, então, o baixinho ajoelhado no chão, com a cabeça baixa e ainda feito a Bela Adormecida. Todos meio que se levantaram para conferir a cena. Até o cobrador se esticou para ver. O nanico despencou lá de cima e foi com toda a força pro chão, e de joelhos. Viu-se alguém rindo discretamente, sendo logo seguido por outros. Devido a esse burburinho, o baixinho foi acordando aos poucos. Percebendo sua situação, usou apenas sua visão periférica para ver que estavam todos olhando para ele. Experto que só ele, juntou as mãos em sinal de oração e disse em voz alta, como se terminasse uma: “...não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal. Amém!” Levantou-se, deu o sinal para descer e se mandou do ônibus. Olhando pela janela, todos viam uma figura engraçada, correndo desorientadamente pela madrugada até sumir na escuridão. Muitos não entenderam nada, outros entenderam perfeitamente. Teve beato aproveitando a deixa e se benzendo. E a vida voltou ao normal. Voltaram a dormir e só acordaram na parada final.


No dia seguinte, aqueles que sempre pegavam o ônibus do mesmo horário procuraram em vão pelo baixinho. Ele jamais pegou aquele ônibus de novo.

segunda-feira, 23 de março de 2009

"Cara, cadê meu dedo?"

A cozinha é o melhor lugar de nossas casas. Não só pela comida que há lá, mas também pela função social que ela tem. Além de cozinhar, é lá que preparamos aquele café gostoso (adoro café!), assaltamos a geladeira de madrugada, é lá que se guarda o rolo de macarrão que espanca o marido que chega de madrugada, é pra lá que vai a grávida quando tem desejos, é lá que guardamos o pote de biscoito com as economias surrupiadas na calada da noite... Essa não, falei demais! Bem, mas a cozinha não é só glamour: ela tem também um lado sombrio. Eu vou bem contar uma história que, na verdade, eu não presenciei: esta me contaram, e garantem que é verdade.


Ela chegou do trabalho, tirou os sapatos e logo foi à cozinha. Pegou um copo de água e aproveitou pra tirar a carne do freezer. Colocou sobre a pia e foi tomar um banho pra ver se, enquanto isso, o carré descongelava. Parece que era a primeira vez que ela fazia a tal carne. Chegou até a buscar receita na Internet. No final, decidiu que ia mesmo era jogar a carne no forno.


No caminho para o banheiro tropeçou no raio do gato que resolvera cochilar no meio da sala. O bicho deu um pulo de susto tão grande que bateu de cara na parede. Meio atordoado, foi cambaleando até cair debaixo da mesa de centro.


De banho tomado, foi preparar o jantar. Quando tocou a carne sobre a pia, viu que ainda estava feito pedra. Eram pequenos bifes de carré, que ela juntara, colocara num saquinho e deixara na geladeira. Agora estavam todos grudados, e quem seria capaz de separá-los? O microondas estava ruim. Pegou um facão meio cego na gaveta, retirou a carne do saquinho e começou tentar separar os pedaços. Sem resultado. Jogou a faca na pia e, cheia de raiva, começou a fazer força pra separá-los com as mãos mesmo. Era uma questão de honra. Não seria vencida por restos mortais congelados de um porco.


Sentiu, então, algo roçando em sua perna. Olhou e viu o gato totalmente grogue se esfregando nela. Os olhos do bichano estavam meio revirados e a língua de fora. Tentava caminhar, mas trocava as patas, batendo na geladeira, depois no fogão, sempre soltando um miado pra lá de estranho. Assustada com o estado do animal, que agora rolava no chão como se algo tivesse se apoderado dele, ela se distraiu e deixou sua mão escorregar. Foi quando seu dedão raspou com força a ponta de um osso saliente do carré. Sentiu dor e logo o dedo se encharcou de sangue. Pegou rapidamente uma toalha de pratos e enrolou nele, tentando parar o sangramento. E, claro, sempre tentando separar os bifes de carré.


No auge de seu empenho, percebeu que o sangue não parava de sair. Logo o pano ficou todo ensangüentado. “Mas por que não pára?”, deve ter pensado. Retirou o pano e viu que (pasmem) faltava um pedaço da ponta do dedo. Olhou pro gato - vai que ele tinha comido o pedaço do seu dedo... Mas nas condições em que se encontrava o bicho, não teria sido possível. Agora o gato batia o traseiro no pé do fogão. Que situação: um animal insano, um dedo sangrando, bifes de carré grudados e um pedaço de dedo perdido! Mas foi só olhar bem para o carré congelado para ver que ali encima estava o tão procurado tampão do dedo. Bem a tempo. Imaginem encontrar o pedacinho na hora de comer a carne!


Ao correr para o banheiro com o dedo enrolado em panos, ela chutou a cabeço do miserável gato, que soltou um urro enorme. Imediatamente tocou o interfone – provavelmente o vizinho de baixo ou do lado já tinha feito queixa do barulho do gato ou do corre-corre no apartamento.


Bem, no fim das contas, ela colou o pedacinho de dedo de volta com auxilio de sei lá o quê e fez um curativo. Ao voltar à cozinha, o gato estava sobre a pia, mordendo adivinhe o quê? Morrendo de fome, ela resolveu buscar alguma outra coisa na geladeira para comer. A primeira coisa que viu foi um vidro cheio de pimenta. Cheia de ódio, abriu a lixeira e jogou tudinho fora. A pimenta era... dedo de moça.

sábado, 21 de março de 2009

Selos pra que te quero!!! Parte 4

Alô amigos e nem tão amigos assim!!!

Mais um selinho pra minha coleção. Quem me passou foi a Jacqueline (Jacona – http://jaconapacheco.blogspot.com/). Valeu!!!








O pessoal ta cada vez mais criativo com as regras. Hehehehe... Ok, lá vai.
Minha lista de desejos:
1- Ser muito bem sucedido profissionalmente.
2- Ir ao Japão.
3- Ser pai.
4- Estar sempre com a mulher que eu amo.
5- Publicar vários livros.
6- Ver minha família com muita saúde.
7- Morrer 100% feliz
8- Envelhecer com saúde.

Eis as regras, pessoal:
1 – A pessoa selecionada deve fazer uma lista com oito coisas que gostaria de fazer antes de morrer.
2 - É necessário que se faça uma postagem relacionando estas oito coisas e é necessário que a pessoa explique as regras do jogo.
3 – Ao finalizar, devemos convidar oito parceiros de blogs.
4 – Deixar um comentário para quem nos convidou.

Atenção às regras, heim!

Vou passar o selo para:
http://aboborasaovento.blogspot.com/
http://martonolympio.blogspot.com/ (Os filmes que passam na minha cabeça)
http://cantodoescritor.blogspot.com/
http://ocri-critico.blogspot.com/
http://dona-alice.blogspot.com/ (hotbliggityblog)
http://palestranterogeriomartins.blogspot.com/
http://mayumiiii.blogspot.com/ (Mayumi Irie)
http://garotapendurada.blogspot.com/

quarta-feira, 18 de março de 2009

(Não) siga aquele carro!

O que é o automóvel senão a representação high tech do útero materno? Tirando-se o fato de que somos esfolados todos os anos por uma coisa chamada IPVA, nos aporrinhamos todos os dias na droga do trânsito, somos vítimas de ladrões, flanelinhas e de outros motoristas imbecis, sofremos a cada alta de combustíveis... ARG! Bem, apesar disso, o carro é o segundo lar do ser humano que tem dinheiro para comprar um carro. É por isso que há pessoas fazendo de tudo dentro de seu veículo. Eu bem vou contar algo que ocorreu dia desses:

Um Honda Fit cinza deixou a bomba 2 do posto de gasolina, ao mesmo tempo em que um Fiat Uno branco e um “Voyajão” vermelho saíram da 1 e da 3, respectivamente. Iam nessa mesma ordem dirigindo-se para a saída quando o Fit freou de repente, obrigando o os dois carros seguintes a pararem bem colados uns nos outros. O dono do Uno, um magrinho bigodudo, espremido ali no meio, se esticava pra cima tentando ver o que tinha acontecido. Dois minutos depois o do bigode saiu cheio de atitude do carro do meio e foi tirar “sastisfação” com o motorista da frente.

O vidro era escurecido com filme preto e nada se podia ver lá dentro. Ele deu umas batidinhas na janela do motorista até que ela desceu. Era uma mulher. Ela não pôde deixar de olhar para o bigode do cidadão. “Nossa! É a cara do Seu Madruga”, pensou provavelmente. “Pô, madame, parô por quê?”, disse o dono do Uno. A dama abriu as duas mãos na direção do cara, como se estivesse lhe dando nota 10: “Moço, agüenta aí que o esmalte tá quase secando!”, gritou com voz de gralha. Deve ter lhe dado vontade de dizer “esmalte é o cacete” e outras “cositas más”, porém se controlou.

Fulo da vida, mas mantendo a educação, o magricela foi apelar ao dono do Voyage, quem sabe ele não dava uma ré? Ao encostar-se no veículo vermelho, foi surpreendido pela cena de um velhinho falando no telefone.“Espera um pouquinho, meu filho... Alô? Neuza? Desculpa, a ligação caiu! Depois de ‘2 kg de batata’, vem o quê mesmo?”. Foi quando o dono do Uno viu nas mãos do coroa uma listinha de compras que estava começando a preencher. “Filho de uma p...”, certamente resmungou.

Última tentativa! Seu Madruga voltou para o Honda Fit, que ainda estava lá. Bateu no vidro de novo. A janela se abriu e imediatamente sentiu-se o mais forte e mais fedido cheiro de cocô da história moderna. Cambaleou, quase caiu pra trás. “Que é, moço?”, gritou a Dona, “Não tá vendo que o bebê tá todo cagado?!”. O baixinho olhou pro banco de trás e lá estava a criança, lambuzada até a testa, além de um pacote de fraldas pronto pra ser usado. Antes de desmaiar, voltou pro seu carro, puxou o freio de mão, desligou o motor, fechou a janela, pegou suas coisas e foi atrás de um táxi antes que perdesse o compromisso.

Dizem que depois deu a maior rabuda. Chegou um guarda e multou todo mundo, a Polícia veio para conter a mulher, que queria dar na cara do guarda e do velhinho do Voyage, os três carros foram rebocados e a criadora de caso foi levada pra delegacia. No caminho, lixou as unhas e trocou a fralda da criança outra vez. O motorista da patrulhinha aproveitava para palitar os dentes a cada sinal fechado.

Nota: até hoje Seu Madruga não voltou para pegar seu Uno.

domingo, 15 de março de 2009

Churros com recheio e bastante plural.


Enquanto vocês esperam meu próximo texto, vou bem contar que na gramática se peca tanto pela falta quanto pelo excesso.
Este vendedor de churros vendia:


"1 churros 0,50
3 churro 1,00"

Clique na foto para ampliar.
Não usar o plural você já viu, mas colocar plural onde não há, garanto que é a primeira vez. Daqui a pouco vamos ouvir por aí "Meu filhos é inteligente", "Meu cabelos está seco", "Minha mulheres já saiu".


Aguardem, em breve um novo texto.


quarta-feira, 11 de março de 2009

Os selvagens da garagem!


Os síndicos deviam providenciar para todas as garagens de condomínio uma placa indicando a velocidade máxima. Por que em todo edifício tem um bicho que dirige na garagem como se estivesse na Via Dutra? Há três posssibilidades: 1- Se estiver saindo, está atrasado para algum compromisso; 2- Se estiver entrando, só pode estar com dor de barriga; 3- Trata-se mesmo de um animal! Eu vou bem contar uma história:

O casal só tinha um carro. Bem, se alguma vez na vida tiveram mais de um, com certeza bateram na garagem, com "perda total". Quando entravam pelo portão não dava pra saber quem dirigia, já que os dois tinham pé de chumbo. Quando saiam dava pra saber, pois a mulher sempre soltava um palavrão quando arranhava a marcha. É verdade... mesmo com os vidros fechados ouvia-se o "merda".

Eles tinham uma filhinha. Pobre coitada! Dava para imaginar a imagem da menina no banco de trás, de olhos arregalados e quase catatônica ao ver e sentir os pais dirigindo. Também era possível imaginar a briga dos dois na hora de decidir quem dirigiria: "Par ou ímpar? Par eu ganho, ímpar você perde!"

Mas é como dizem por aí: castigo vem cavalgando.

Dia desses o marido saiu correndo do elevador da garagem puxando a mulher de um lado e a garotinha catatônica do outro. "Tamo atrasado, !", dizia o cavalheiro. Não se podia dizer com certeza quem dirigia, mas acredita-se que foi o marido, já que a marcha arranhou mas não se ouviu o "merda". Saiu da vaga acelerando fundo e cruzou a garagem a pelo menos 40 por hora. O que ele não esperava era que um gato preto atravessasse seu caminho, feliz e despreocupado como se fosse uma sexta-feira 13. O motorista fez um desvio rápido para a esquerda, voltando rápido o volante para a direita antes que batesse numa coluna de concreto. Quando viu que bateria na Kombi estacionada logo ali, voltou para a esquerda, num zigue-zague frenético que, certamente, era mais emocionante do que pisar no freio e ir mais devagar. O portão já estava se abrindo quando o dono do Corcel preto deu ré para manobrar e sair da garagem. Esperto que só ele, o motorista do Corcel engatou de novo a primeira marcha e voltou pra frente. Já o motorista animal, tendo sua visão prejudicada pelo carro preto, não conseguiu passar pelo portão e bateu na parede da entrada.

Resultados: o casal teve que gastar uma grana pra arrumar o portão da garagem e a parede, passou a ir de ônibus pois não sobrou grana pra consertar o carro, o gato preto foi atingido por um tijolo que voou com a batida e a garotinha passou a ir mais tranquila pra escola.

Finalmente a paz voltou a reinar na garagem... bem... a não ser pelo dono do Corcel, que agora sai da vaga cantando pneu e dá cavalo-de-pau para evitar levar uma batida de outro motorista maluco.

¡Hola!


Oi, amigos e nem tão amigos assim!


Nesta mensagem de abertura quero lhes apresentar... o meu blog. Aqui, a partir de agora, vocês vão ler historias do cotidiano, aquelas coisas que presenciamos todos os dias e não temos para quem contar. E outras mensagens importantes para o crescimento mental e espiritual destes seres imperfeitos e habitantes de uma galáxia que tem como principal problema um planetinha chamado Terra onde abundam todos os tipos de violência mas que ainda persiste a alegria... uffa: esses seres somos nós.Comentários serão bem recebidos e sua visita também.


Vida longa e próspera.